A "pequena" mentira como acto piedoso ou a justificação cristã salvífica para mentir.
Entristecem-me as "pequenas" ou "pequeninas" traições, as "pequenas" ou "pequeninas" deslealdades, as "pequenas" ou até "pequeníssimas" mentiras. Talvez por serem pequenas. Talvez por serem pequenas são de elevada frequência, não quanto à intensidade, pois querem-se "pequenas", mas quanto à frequência da repetição. Talvez me entristeçam por serem por vezes tão "pequenas" que estão para lá da categoria da coincidência ou do simples esquecimento. Aliás, são tão "pequenas" que não conseguem ser nem coincidências nem meros esquecimentos. Têm pois quanto à dimensão um limite bem circunscrito e quanto à memória uma acção de clareza selectiva. Resultado: são inúteis. Não para quem mente, mas sim para quem as recebe.
Reconheço também que me entristecem por não terem uma espetacularidade recreativa e artística, já que pretendem encobrir "pequenos" medos. "Pequenos" mas incisivos, marcados como cicatrizes e que são exclamações de qualquer acontecimento latente.
São "pequenas" o suficiente para "as deixarem passar" ou ser "facilmente resolvidas, perdoadas, esquecidas".
A sua pequenez é a natureza da sua constante presença.
Estas "pequenas" traições, deslealdades, mentiras, assumem sempre características impessoais, subjectivas, mas universais. Protegem as identidades e as privacidades, afirmam-se enquanto salvaguarda do Eu.
Por isso as "pequenas" traições, deslealdades e mentiras são sempre a prova real de que estamos sempre e irremediavelmente sós.
Na esplanda ao luar.
escrita ao sabor dos elementos...
Como nasce uma ilha?!
A
ilha nasce da tempestade. A “ilha de areia” empilha-se e arruma-se em sopros de
ventos e braçadas de mar. Na tempestade, e da tempestade, vão sendo construídos
pequenos, maiores e ainda maiores, castelos de areia seca, húmida, molhada.
Uma
ilha é também o que resta de uma tempestade. Uma ilha é também o que desaparece
numa tempestade.
Qual
foi a maior tempestade? Qual a maior preia-mar? Qual a onda mais alta?
Os
pescadores contam as estórias: os barcos de “boca aberta”, rasgam ondas e
balançam minúsculos nesse gigante negrume. A “boca aberta” é engolida pela boca
da onda, da maior onda. As estórias-imagens, são as narrativas daquela
existência presente. As suas vozes cruzam-se e contam essa onda dessa maior
tempestade, e o vento continua a soprar assobiando em gritos agudos das
mulheres na areia da ilha, as suas palavras.
A
areia continua a acumular-se, aumentando a ilha. O seu desenho, o seu contorno
está desenhado, apagado e redesenhado no chão de areia, que as ondas, as marés
engolem e vomitam.
As
gaivotas vão pousando, imensas na sua confusão de asas e guinchos, na areia, onde
imóveis, anunciam miséria: “Está mau, está mau e está feio”. Quando pousam
assim, imensas, há fome.
As
mulheres trazem nos ventres xalavares, que põem na areia. E esperam. Os
pequenos barcos lançam redes e alcatruzes. E esperam. A areia revolta pelo
vento continua a sua presença de chegada e de partida. As ondas engolem-na e
vomitam-na. As gaivotas esperam junto das mulheres no abrigo da pequena enseada
o regresso dos barcos de “boca aberta”.
Ilha
da Culatra, 16 de Março de 2014
Rosa
Vieira Guedes
Na Páscoa
Lembro-me do cheiro da canela e da erva-doce dos bolos fintos da minha avó Joaquina. Levavam banha derretida. Eram amassados à mão. As mãos dela não tinham força.
- Rosinha, mexe para o mesmo lado...
Eu, de mangas arregaçadas, e sorriso matreiro respondia.
- Sim avó, esteja descansada. Olhando pelo "rabo do olho", apressava-me a mexer para o lado contrário. Era uma brincadeira, para provar a mim própria que ficava bem mesmo que eu mexesse para o lado errado.
Os bolos levavam também aguardente. Mas só um bocadinho. As meninas também comiam os bolos.
O verdadeiro truque, o insuperável segredo dos bolos fintos, era a cozedura em forno de lenha. Era sempre necessário negociar na padaria de Rua de Estevéns.
O tabuleiro lá ia. Tapado com um pano imaculado de linho. Eu levava-o. A minha avó seguia-me, apoiada na sua bengala. Devagarinho. Eu ia ao lado dela.
Por vezes olhava para baixo. As ruas de pedras irregulares. Escuras e escorregadias pelos muitos passos que as tinham polido. Via os pés da minha avó, deformados pelos joanetes da idade e se calhar dos diabetes. Os sapatos pretos de descanso. Os passinhos ritmados pela bengala.
- Rosinha não te distraias...olha que os bolos caem...
- Não avó, não caem...estou a segurar bem.
Nestas alturas os olhos azuis da minha avó, tão azuis como o céu no verão, olhavam para mim e riam. Ela sabia que eu não os deixaria cair. Eu adorava os bolos fintos dela...
A Páscoa.
Também tinhamos que ir ver o Senhor dos Passos da Igreja do Espírito Santo.
A minha avó não tinha medo dele. Até lhe segurava o vestido roxo. Eu tinha medo dele. Só ia porque ela dizia que "tinha muita fé naquele Jesus dos Passos". Rezava-lhe e eu ficava em silêncio a olhar para ela. O cabelo todo branco. Muito penteado para domar os caracóis rebeldes, em canudos, apanhado numa trança enrolada. Adorava ver o cabelo dela depois de lavado. Brilhava de brancura. Os caracóis que lhe chegavam a meio das costas. Neve farta a cair pelos ombros da minha avó.
Ficavamos sentadas num banco de madeira à espera que os bolos cozessem.
- Rosinha, tens fome? Queres alguma coisa?
- Não avó. Não quero nada.
Só queria estar ali, a sentir, lentamente o cheiro dos bolos cozidos a encher o ar. A ouvir a minha avó, a olhar para ela. Muito branquinha. Os olhos muito azuis. O sorriso maroto a olhar para mim de soslaio. O cheiro a lavado da roupa dela.
Os bolos fintos da Páscoa...
- Rosinha, mexe para o mesmo lado...
Eu, de mangas arregaçadas, e sorriso matreiro respondia.
- Sim avó, esteja descansada. Olhando pelo "rabo do olho", apressava-me a mexer para o lado contrário. Era uma brincadeira, para provar a mim própria que ficava bem mesmo que eu mexesse para o lado errado.
Os bolos levavam também aguardente. Mas só um bocadinho. As meninas também comiam os bolos.
O verdadeiro truque, o insuperável segredo dos bolos fintos, era a cozedura em forno de lenha. Era sempre necessário negociar na padaria de Rua de Estevéns.
O tabuleiro lá ia. Tapado com um pano imaculado de linho. Eu levava-o. A minha avó seguia-me, apoiada na sua bengala. Devagarinho. Eu ia ao lado dela.
Por vezes olhava para baixo. As ruas de pedras irregulares. Escuras e escorregadias pelos muitos passos que as tinham polido. Via os pés da minha avó, deformados pelos joanetes da idade e se calhar dos diabetes. Os sapatos pretos de descanso. Os passinhos ritmados pela bengala.
- Rosinha não te distraias...olha que os bolos caem...
- Não avó, não caem...estou a segurar bem.
Nestas alturas os olhos azuis da minha avó, tão azuis como o céu no verão, olhavam para mim e riam. Ela sabia que eu não os deixaria cair. Eu adorava os bolos fintos dela...
A Páscoa.
Também tinhamos que ir ver o Senhor dos Passos da Igreja do Espírito Santo.
A minha avó não tinha medo dele. Até lhe segurava o vestido roxo. Eu tinha medo dele. Só ia porque ela dizia que "tinha muita fé naquele Jesus dos Passos". Rezava-lhe e eu ficava em silêncio a olhar para ela. O cabelo todo branco. Muito penteado para domar os caracóis rebeldes, em canudos, apanhado numa trança enrolada. Adorava ver o cabelo dela depois de lavado. Brilhava de brancura. Os caracóis que lhe chegavam a meio das costas. Neve farta a cair pelos ombros da minha avó.
Ficavamos sentadas num banco de madeira à espera que os bolos cozessem.
- Rosinha, tens fome? Queres alguma coisa?
- Não avó. Não quero nada.
Só queria estar ali, a sentir, lentamente o cheiro dos bolos cozidos a encher o ar. A ouvir a minha avó, a olhar para ela. Muito branquinha. Os olhos muito azuis. O sorriso maroto a olhar para mim de soslaio. O cheiro a lavado da roupa dela.
Os bolos fintos da Páscoa...
8 de Novembro de 1977
“O “bichanar” interrompe o pontual silêncio. Os olhares cruzam-se desconfiados ou surpresos. Uma aula de prova escrita. Quando alguém pergunta alguma coisa em voz alta, alastra o à vontade do “bichanar” uns quantos decibéis mais elevados. Para a seguir se dissipar contra a barreira do olhar reprovador, em muro de óculos na ponta do nariz, que vou de lábios crispados, ostentando…Uma aula de prova normal. O frio instalou-se na sala de paredes grossas e húmidas. Os meus pés estão gelados, mesmo com dois pares de meias, de lã. Penso no que vou ter que ler depois…Ai…e de preferência entregar já amanhã. Como um penso numa ferida, arrancar depressa antes que doa mais.
Devia estar a estudar. Devia estar a ler em francês. Sim, sei ler em francês, inglês, castelhano e italiano. Quanta cultura para uma só rapariga da província! Uma verdadeira poliglota…(às vezes também troglodita…acontece... a confiar em Darwin…)
Leio e sublinho. Leio palavras que se soltam do esforço de atenção e vão soando no silêncio, sem sentido, deslocando-se no ar sem local certo onde cair…pairando…Penso na notícia, pequena, que li, enquanto bebia um café apressado: «Mulher, 46 anos, casada, mãe, foi encontrada morta. A causa aparente é suicídio por comprimidos. Aguarda-se autópsia. No entanto, foi encontrado um pequeno papel escrito.»
Por vezes, as imagens das palavras agarram-se aos pensamentos. Parecem garras pegajosas. Podia lembrar-me de poemas, de peças de teatro…lembro-me da imagem de palavras e de frases publicitárias…bem, também de letras de canções. Algumas de gosto muito duvidoso! Quase todas de amor… dizemos amo-te a alguém esperando a mesma resposta: Amo-te. Nunca nos damos conta do tempo presente do que dissemos e do tempo, igualmente presente da resposta dita. As canções e o sentimento judaico-cristão, levam-nos a crer que está implícita a eternidade. Amamos como a Jesus, como a Deus (e eu sou ateia...). O amor como libertador e justificador de todos os erros. O amor como o álibi para todas as formas de desrespeito pelos outros. É falso. O Amor é uma tentativa de nos prolongarmos numa vida finita. Na partilha, nos momentos de empatia e comunhão de sensações, emoções, discursos, em que nos deixamos espontaneamente ir na espuma doce e salgada de vagas confusas, nos carinhos infantis em corpos de adulto partilhados. Mas até aí, cada qual tem o seu orgasmo...
Porque se terá suicidado aquela mulher? Porque terá, eventualmente, deixado uma nota? O que a levou deixar de envelhecer pacificamente, vendo o seu corpo alterar-se, a sua saúde debilitar-se, esperando. Porquê acabar uma viagem que podia ser adiada mais um pouco. Dias meses anos. Com dias de sol, manhãs de praia, pequenos-almoços sem tempo e hora marcada, café quente, espumoso, aromático...
Alguns alunos vão entregando as provas, que arrumo criteriosamente por ordem numérica e alfabética (quando coincidem…). Ainda faltam 30 minutos para o termo.
«Mulher, 46 anos, casada, mãe, foi encontrada morta. A causa aparente é suicídio por comprimidos. Aguarda-se autópsia. No entanto, foi encontrado um pequeno papel escrito...»
Tocou! A prova acabou. Os mais atrasados apressam-se a entregar as folhas da prova escrita.
Arrumo-as na pasta.
Afinal vou almoçar com os colegas.
Antes, vou despejar na sanita da casa de banho das professoras o frasco dos comprimidos.”
23 de Dezembro de 1976
"A minha mãe chamou-nos aos três. A mim a única filha, e seus dois filhos rapazes. Eu com 10 anos e meus irmãos Francisco, com 6 e Manel com 8 anos. Fomos ter com ela ao corredor de casa. Disse-nos com ar sério: "Cada um de vocês vais pôr dentro da sacola da escola três brinquedos e mais nada, está bem? Depressa, vá lá, depressa."
Olhámos uns para os outros sem perceber. Mas a voz e o ar com que a minha mãe disse aquilo, nem fez com que o Manel perguntasse nada. Fomos correndo para os nossos quartos fazer o que a minha mãe tinha dito. Eu guardei o Alexandre, um urso amarelo já muito gasto, uma boneca, a Maria, que era prenda mais ou menos nova, e a caminha da Maria.
Ouvi a minha mãe a chamar-nos novamente do corredor. Corri. Não sei o que os meus irmão guardaram, porque também apareceram no mesmo instante. A minha mãe tinha só a mala castanha que costumava usar, e a pasta da escola, onde guardava os livros e os trabalhos dos meninos dela. O meu pai não estava em casa ainda. Não era hora de chegar da Robialac, onde trabalhava.
"Vamos embora meninos", disse ela.
"Para onde mamã?", perguntei eu.
"Vamos ter com a avó Isabel"
A avó Isabel vive na metrópole. Não vive aqui, em Maputo. Vive em Lisboa.
Saímos de casa.
O meu pai, afinal, estava dentro do carro à porta de casa. Se calhar tinham feito as malas sem darmos por nada. Íamos de férias e era uma surpresa.
O meu pai conduziu até ao aeroporto. Estacionou o carro e saímos. Afinal não havia mais bagagem...
O aeroporto estava cheio de gente, que se empurrava e acotovelava. A minha mãe e o meu pai, agarravam-nos para não nos perdermos. O calor era imenso...os vidros estavam embaciados...todos escorriam suor...e o cheiro entranhava-se nas narinas, na roupa, nos cabelos...
O meu pai, um pouco mais à frente a segurar com mão firme o Francisco e o Manel, empurrava a multidão. A minha mãe, de mão dada comigo, seguia-o.
Finalmente, o meu pai conseguiu chegar ao balcão onde uma senhora gritava e gesticulava. Muita gente gritava e gesticulava com a senhora.
O meu pai mostrou bilhetes e documentos. Dois militares da Frelimo aproximaram-se. Leram demoradamente os documentos. Olharam muito para nós. Ao fim do que pareceram horas, rodeados de gente que empurrava, gritava e gesticulava, um deles disse ao meu pai: "Podes passar camarada, mais a tua família. Mas se vais, já não voltas e já sabes que não podes levar nada. Agora os teus bens são do partido." O meu pai acenou com a cabeça.
"Passem", disse o militar.
Passámos de mão dada e andar apressado. Mais à frente, voltámos a mostrar os papéis todos.
Finalmente entrámos no avião. Não havia lugares para ficarmos juntos. A minha mãe distribuiu-nos pelos lugares ainda vagos.
Pouco tempo depois levantávamos voo para casa da avó Isabel.
Afinal, não íamos de férias...
Olhámos uns para os outros sem perceber. Mas a voz e o ar com que a minha mãe disse aquilo, nem fez com que o Manel perguntasse nada. Fomos correndo para os nossos quartos fazer o que a minha mãe tinha dito. Eu guardei o Alexandre, um urso amarelo já muito gasto, uma boneca, a Maria, que era prenda mais ou menos nova, e a caminha da Maria.
Ouvi a minha mãe a chamar-nos novamente do corredor. Corri. Não sei o que os meus irmão guardaram, porque também apareceram no mesmo instante. A minha mãe tinha só a mala castanha que costumava usar, e a pasta da escola, onde guardava os livros e os trabalhos dos meninos dela. O meu pai não estava em casa ainda. Não era hora de chegar da Robialac, onde trabalhava.
"Vamos embora meninos", disse ela.
"Para onde mamã?", perguntei eu.
"Vamos ter com a avó Isabel"
A avó Isabel vive na metrópole. Não vive aqui, em Maputo. Vive em Lisboa.
Saímos de casa.
O meu pai, afinal, estava dentro do carro à porta de casa. Se calhar tinham feito as malas sem darmos por nada. Íamos de férias e era uma surpresa.
O meu pai conduziu até ao aeroporto. Estacionou o carro e saímos. Afinal não havia mais bagagem...
O aeroporto estava cheio de gente, que se empurrava e acotovelava. A minha mãe e o meu pai, agarravam-nos para não nos perdermos. O calor era imenso...os vidros estavam embaciados...todos escorriam suor...e o cheiro entranhava-se nas narinas, na roupa, nos cabelos...
O meu pai, um pouco mais à frente a segurar com mão firme o Francisco e o Manel, empurrava a multidão. A minha mãe, de mão dada comigo, seguia-o.
Finalmente, o meu pai conseguiu chegar ao balcão onde uma senhora gritava e gesticulava. Muita gente gritava e gesticulava com a senhora.
O meu pai mostrou bilhetes e documentos. Dois militares da Frelimo aproximaram-se. Leram demoradamente os documentos. Olharam muito para nós. Ao fim do que pareceram horas, rodeados de gente que empurrava, gritava e gesticulava, um deles disse ao meu pai: "Podes passar camarada, mais a tua família. Mas se vais, já não voltas e já sabes que não podes levar nada. Agora os teus bens são do partido." O meu pai acenou com a cabeça.
"Passem", disse o militar.
Passámos de mão dada e andar apressado. Mais à frente, voltámos a mostrar os papéis todos.
Finalmente entrámos no avião. Não havia lugares para ficarmos juntos. A minha mãe distribuiu-nos pelos lugares ainda vagos.
Pouco tempo depois levantávamos voo para casa da avó Isabel.
Afinal, não íamos de férias...
28 de Outubro de 1975
"Há retornados por toda a parte! Até aqui, na província, há retornados. Há até um casal em que ele é branco, ela é preta, e têm dois filhos mulatos! Do mal, o menos, são só estes retornados que são assim aqui na vila. Pensando bem, acho que nunca tinha visto um preto aqui na vila. Eu nem sou racista, mas acho que o normal é cada um com os da sua raça.
Os retornados, além de terem manias esquisitas, também pedem fiado na mercearia. Há muita gente de cá que manda pôr na lista e depois paga no final do mês. Mas são de cá. A gente conhece-os. Os retornados não. Alguns até nasceram cá, ou os pais são de cá, mas foram-se embora porque quiseram...e agora levam o tempo a queixar-se a dizer que aquilo é que era bom e evoluído...que viviam muito melhor e que era tudo melhor...
Os retornados dizem aos nossos jovens que tinham coca-cola, que iam ao cinema e à praia todo o ano, que havia muitas festas...
Aqui temos coisas muito boas, por exemplo a Canada Dry, a Gasosa da Serra D'Ossa, e são produtos portugueses, feitos por portugueses.
Se aquilo era tão bom, porque não ficaram lá? Por causa da guerra? Que bela desculpa! Já havia guerra, mas como mandávamos os nossos rapazes para os defenderem dos pretos, estavam muito bem! Pudera!
Quantos dos nossos rapazes morreram lá? Quantos regressaram aleijados? Quantos andam para aí maluquinhos, que nem um foguete das festas de Nossa Sra podem ouvir que se deitam logo ao chão? Sim!
Angola é nossa! Moçambique é nosso! Mas como se costuma dizer, o que se pode esperar de portugueses de segunda?
O Presidente da Câmara até tem andado a arranjar casas e empregos aos retornados. E os nossos, os que cá ficaram e estão fartinhos de trabalhar a vida inteira, até deram os seus filhos para servir a Pátria?
Os retornados vieram roubar-nos os nossos empregos. Essa é que é a verdade. Para os retornados é só facilidades.
Os retornados, ainda por cima, nem falam português como deve ser, falam à preto. Dizem xuinga, maningue, kanimambo...
Estamos no mês de Outubro e os retornados andam com casacos vestidos. Como se estivesse frio...Devem vir é todos doentes, com aquelas doenças perigosas como a malária, o paludismo, a febre amarela...Mesmo assim deixam-nos entrar em Portugal.
Nunca houve droga em Portugal! Só quando os retornados vieram é que começou a haver. Não é por acaso, de certeza! Os retornados é que trouxeram a droga para Portugal.
Bem, alguns retornados, mas poucos, até são doutores e engenheiros, mas esses são diferentes. São retornados brancos, com estudos, com educação, com profissões importantes.
A minha filha, por acaso, anda agora a namoriscar um rapazito que veio de Angola...mas o pai é médico e a mãe é professora. É completamente diferente!!!
Os retornados, além de terem manias esquisitas, também pedem fiado na mercearia. Há muita gente de cá que manda pôr na lista e depois paga no final do mês. Mas são de cá. A gente conhece-os. Os retornados não. Alguns até nasceram cá, ou os pais são de cá, mas foram-se embora porque quiseram...e agora levam o tempo a queixar-se a dizer que aquilo é que era bom e evoluído...que viviam muito melhor e que era tudo melhor...
Os retornados dizem aos nossos jovens que tinham coca-cola, que iam ao cinema e à praia todo o ano, que havia muitas festas...
Aqui temos coisas muito boas, por exemplo a Canada Dry, a Gasosa da Serra D'Ossa, e são produtos portugueses, feitos por portugueses.
Se aquilo era tão bom, porque não ficaram lá? Por causa da guerra? Que bela desculpa! Já havia guerra, mas como mandávamos os nossos rapazes para os defenderem dos pretos, estavam muito bem! Pudera!
Quantos dos nossos rapazes morreram lá? Quantos regressaram aleijados? Quantos andam para aí maluquinhos, que nem um foguete das festas de Nossa Sra podem ouvir que se deitam logo ao chão? Sim!
Angola é nossa! Moçambique é nosso! Mas como se costuma dizer, o que se pode esperar de portugueses de segunda?
O Presidente da Câmara até tem andado a arranjar casas e empregos aos retornados. E os nossos, os que cá ficaram e estão fartinhos de trabalhar a vida inteira, até deram os seus filhos para servir a Pátria?
Os retornados vieram roubar-nos os nossos empregos. Essa é que é a verdade. Para os retornados é só facilidades.
Os retornados, ainda por cima, nem falam português como deve ser, falam à preto. Dizem xuinga, maningue, kanimambo...
Estamos no mês de Outubro e os retornados andam com casacos vestidos. Como se estivesse frio...Devem vir é todos doentes, com aquelas doenças perigosas como a malária, o paludismo, a febre amarela...Mesmo assim deixam-nos entrar em Portugal.
Nunca houve droga em Portugal! Só quando os retornados vieram é que começou a haver. Não é por acaso, de certeza! Os retornados é que trouxeram a droga para Portugal.
Bem, alguns retornados, mas poucos, até são doutores e engenheiros, mas esses são diferentes. São retornados brancos, com estudos, com educação, com profissões importantes.
A minha filha, por acaso, anda agora a namoriscar um rapazito que veio de Angola...mas o pai é médico e a mãe é professora. É completamente diferente!!!
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